INTERAÇÕES
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Fármacos Metabolizados pela CYP450 2D6
Aminotriptilina, Amoxapina, Anfetamina, Aripiprazol, Clomipramina, Clozapina, Desipramina, Donepezilo, Fluoxetina, Galantamina, Imipramida, Metoclopramida, Pitolisante, Venlafaxina, Tamoxifeno*
O bupropiom e os seus metabolistos são considerados inibidores da atividade da isoenzima CYP450 2D6.
A inibição da atividade desta isoenzima leva a um aumento das concentrações plasmáticas dos fármacos que metaboliza.
A coadmistração destes fármacos com Bupropiom está também associada a um aumento do risco de convulsões.
*O Tamoxifeno é bioativado pela CYP450 2D6, sendo o metabolito proveniente o responsável, em grande parte, pela sua atividade. A inibição da CYP450 2D6 pelo bupropiom reduz a eficácia do Tamoxifeno.
Fármacos Indutores da CYP450 2B6
Carbamazepina
Estes fármacos levam a uma diminuição da concentração plasmática de Bupropiom por inibirem a principal isoenzima envolvida na metabolização deste fármaco.
Fármacos Inibidores da Monoaminoxidase (MAO)
Fenelzina, Moclobemida, Selegilina, Procarbazina
Estes fármacos inibem o metabolismo da dopamina e da norepinefrina, potenciando a atividade dopaminérgica e noradrenérgica.
Desta forma, potenciam a toxicidade do Bupropiom, aumentando assim o risco convulsivo e a possibilidade de reações hipertensivas.
O risco de convulsões pode aumentar quando o Bupropiom é coadminstrado com fármacos que individualmente podem ter efeitos epileptogénicos.
INTERAÇÕES COM DOENÇAS
Fármacos que diminuem o Limiar Convulsivo
Cloroquina, Ciprofloxacina, Codeina, Ciclobenzaprina, Deflazacorte, Efedrina, Lidocaína, Lítio, Mefloquina, Meropenem, Morfina, Neoestigmina, Norfloxacina, Oxicodona, Prednisolona, Rivastigmina, Teofilina, Tramadol
RCM
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO: O tratamento com Bupropiom, na presença de determinadas doenças, pode alterar a concentração plasmática deste ou potenciar a doença pré-existente.
Doença Hepática
O Bupropiom é metabolizado a nível hepático.
A concentração plasmática e o tempo de semi-vida do Bupropiom podem aumentar em doentes com disfunção hepática.
A redução da dosagem do Bupropiom deve ser considerada em doentes com disfunção hepática moderada a grave.
Doença Renal
O Bupropiom e os seus metabolitos, alguns dos quais farmacologicamente ativos embora com menos potência que o fármaco original, são eliminados por via renal.
Em doentes com disfunção renal em que a Taxa de Filtração Glomerular está comprometida, estes compostos podem acumular-se mais facilmente.
É recomendado o ajuste da dose/frequência de administração em pessoas com esta patologia.
Distúrbios Compulsivos
O Bupropiom é um fármaco que diminui o limiar convulsivo, estando por isso associado ao risco de convulsões.
É, por isso, importante avaliar e monitorizar a sua administração em pessoas que apresentem probabilidade de desenvolvimento de distúrbios convulsivos como traumatismo craniano, tumor no sistema nervoso central, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, bulimia ou anorexia nervosa, epilepsia, entre outros.
EFEITOS ADVERSOS
Existem vários efeitos adversos significativos relatados por cerca de 10% das pessoas que fazem terapêutica com Bupropiom.
Estes efeitos ocorrem em vários sistemas do organismo e incluem:
AMAMENTAÇÃO, GRAVIDEZ E FERTILIDADE
AMAMENTAÇÃO
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O Bupropiom e os seus metabolitos são excretados no leite materno.
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O clínico deve decidir interromper a amamentação ou a terapêutica com Bupropiom tendo em consideração o benefício da amamentação para o lactente e o benefício da terapêutica com Bupropiom para a mãe.
GRAVIDEZ
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A exposição materna ao Bupropiom durante o primeiro trimestre de gravidez está associada a um risco acrescido de determinadas malformações congénitas cardiovasculares, tais como: defeitos septais ventriculares e defeitos cardíacos de escoamento esquerdo. Contudo, estes resultados não são consistentes entre estudos.
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O Bupropiom não deve ser utilizado durante a gravidez, excepto se o estado clínico da mulher exigir tratamento com este fármaco e tratamentos alternativos não sejam uma opção.
FERTILIDADE
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Não existe evidência sobre o efeito de Bupropiom na fertilidade humana.
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Estudos de toxicidade reprodutiva realizados em ratos com exposições semelhantes às obtidas na dose máxima recomendada para o ser humano, não indicam quaisquer efeitos adversos na fertilidade, gravidez e desenvolvimento fetal.

REFERÊNCIAS
[1] Resumo das Características do Medicamento do Bupropiom. Disponível em: https://www.bial.com/media/3356/elontril.pdf, último acesso em 23 de abril de 2023.
[2] Bupropion. Disponível em: https://www.drugs.com/bupropion.html#, último acesso em 23 de abril de 2023.
[3] Xue C, Zhang X, Cai W. Prediction of drug-drug interactions with bupropion and its metabolites as CYP2D6 inhibitors using a physiologically-based pharmacokinetic model. Pharmaceutics. 2018;10(1). https://doi.org/10.3390%2Fpharmaceutics10010001
[4] Jolly TS, Singh J, Baweja R. Bupropion-Induced Severe Leukocytosis. Cureus. 2020;12(10):7–8. https://doi.org/10.7759%2Fcureus.11083
[5] Bupropion Toxicity. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK580478/#_NBK580478_pubdet_, último acesso em 23 de abril de 2023.
[6] Bupropion. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470212/#article-18709.s3, último acesso em 23 de abril de 2023.
[7] Mendonça C, Rocha S, Meireles J, Pestana P, Teixeira C, Aragão I. Sustained-Release Bupropion Overdose: A Case Report. Int J Med Pharm Case Reports. 2015;3(2):38–43. http://dx.doi.org/10.9734/IJMPCR/2015/14703